Entenda por que o armazenamento e a embalagem são decisivos para a segurança da água mineral
A ideia de que a água tem validade pode parecer absurda à primeira vista. Afinal, nos aquíferos subterrâneos ela permanece pura e protegida por milhares de anos. Mas ao ser engarrafada, tudo muda, o problema não está na água, mas no contato com o ambiente e no material da embalagem.
Garrafas plásticas, por exemplo, não são barreiras totalmente seguras contra a entrada de oxigênio ou a ação de altas temperaturas. Podendo provocar alterações no sabor, no cheiro e até na segurança do líquido.
“A validade da água está atrelada à eficácia da embalagem”, explica o engenheiro de alimentos e técnico em bioquímica Fabrício Miguel Farinassi para o portal dos Conselhos Regionais de Química.
Tipo de embalagem influencia na validade
O prazo de validade é uma forma de garantir que a água manterá suas características sensoriais durante determinado tempo. Não significa que ela estragará ao vencer, mas que poderá ficar diferente — ou menos agradável ao consumo.
A durabilidade da água engarrafada varia conforme o tipo de material usado no envase. Em garrafas de vidro, por exemplo, a água sem gás pode durar até 24 meses. Já em garrafas de polipropileno, mais comuns, esse prazo pode cair para apenas 6 meses.
Isso acontece porque o vidro é mais resistente ao calor e mais eficaz no isolamento da água. Já o plástico, principalmente os mais finos e opacos, permite trocas com o ambiente.
“A gramatura da pré-forma define a qualidade da embalagem, e isso influencia diretamente no prazo de validade da água”, explica Letícia Zocarato, engenheira química. Cada tipo de embalagem tem um comportamento diferente diante do tempo e da temperatura.
Calor é o principal inimigo da água
“Todo processo químico é acelerado com o aumento de temperatura”, alerta Fabrício. Plásticos submetidos ao calor podem liberar substâncias como o bisfenol, um composto tóxico que se acumula no organismo com o tempo.
Além dos riscos químicos, o calor também favorece a multiplicação de bactérias naturais da água. Mesmo que esteja dentro do prazo de validade, a água pode ficar com cheiro e gosto alterados. Isso mostra por que a armazenagem correta é tão importante quanto a data no rótulo.
Água vencida não é perigosa, mas pode estar alterada
Consumir uma água com validade vencida não significa, necessariamente, um risco à saúde. Se bem armazenada, ela ainda pode estar própria para o consumo. O que pode ocorrer são alterações sensoriais, como perda de gás, gosto metálico ou odor estranho.
Fabrício explica que os estudos que determinam a validade são baseados nessas possíveis mudanças. “A água sem gás vence quando perde suas características organolépticas e sensoriais, como odor e sabor”, afirma. Portanto, o impacto é mais de qualidade do que de segurança.
No entanto, atenção ao ambiente em que a garrafa foi guardada. Caso fique em local quente, úmido ou com incidência solar, mesmo a água dentro do prazo pode estar comprometida. Ou seja: não basta olhar a validade, é preciso saber de onde veio aquela garrafinha.
Não reutilize
Um dos maiores erros do consumidor é deixar a garrafinha dentro do carro. Mesmo que tenha sido aberta apenas uma vez, a saliva do consumidor pode contaminar o restante da água. Com o calor do carro, esse ambiente se torna ideal para crescimento de bactérias e fungos.
O mesmo vale para a reutilização de garrafas plásticas, o ideal, segundo os especialistas, é usar garrafas térmicas e trocar a água com frequência.
Para garantir segurança, o consumidor deve observar se a embalagem está íntegra, se a água está dentro do prazo, e principalmente se foi mantida em local fresco e protegido. Esses cuidados simples ajudam a evitar contaminações silenciosas que comprometem a saúde a longo prazo.
Fonte: NSC Total