Santa Catarina reduziu em 46% o desmatamento de Mata Atlântica nos cinco primeiros meses de 2023. É o que aponta o boletim do Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) Mata Atlântica, divulgado na última quinta-feira (27). Os dados do SAD são uma parceria entre a Fundação SOS Mata Atlântica, a Arcplan e o Mapbiomas.
Para a presidente do IMA, Sheila Meirelles, o fato da fiscalização estar mais efetiva em Santa Catarina contribui para esse resultado. “Atualmente nós contamos com o Sistema Integrado de Monitoramento e Alertas de Desmatamento, o SIMAD, que foi desenvolvido pelos técnicos do IMA, e tem orientado o serviço de fiscalização do nosso território nos ajudando a combater de forma efetiva os crimes de desmatamento ilegal”, comenta.
O Simad é um programa inédito em Santa Catarina e um dos mais inovadores do país, por utilizar imagens de satélite para comparar locais em diferentes períodos, mostrando o histórico da vegetação. Se há supressão de vegetação, por exemplo, o próprio sistema verifica se aquela supressão possui autorização de corte ou se foi clandestina.
O sistema identifica, por meio de imagens orbitais de alta resolução, a diferença de cobertura vegetal ocorrida de forma periódica em todo território catarinense. São avaliados mosaicos com até 4,7 centímetros de resolução espacial disponibilizados pelo programa NICFI, em parceria com ao governo da Noruega.
O alerta é gerado por meio de programas computacionais de código aberto e portanto sem custos para o Estado. São analisados se houve autorização para supressão incluindo informações de responsabilidade do IMA e as disponibilizadas pelo SINAFLOR por meio do IBAMA, além de outras informações da área, como histórico de uso do solo, informações do Cadastro Ambiental Rural, entre outros.
O SIMAD é o único monitoramento deste gênero, disponível em Santa Catarina, que realiza o cruzamento automatizado com outros sistemas, como de licenciamento, autos de infração, Cadastro Ambiental Rural (CAR) e espaços territoriais especialmente protegidos (APP, Reserva Legal, unidades de conservação), entre outras camadas.
O Simad gerou neste ano cerca de 200 alertas que são compartilhados entre a fiscalização do IMA e da Polícia Militar Ambiental (PMA).
Sobre o boletim
O boletim da SAD Mata Atlântica também confirma que o desmatamento na Mata Atlântica caiu 42% no país. Entre janeiro e maio deste ano, a área desflorestada do bioma em todo o Brasil foi de 7.088 hectares, contra 12.166 hectares registrados no mesmo período de 2022.
Os estados que puxaram a queda do desmatamento foram Paraná (54%), Minas Gerais (47%), Santa Catarina (46%) e Bahia (43%). No Espírito Santo, em Pernambuco e no Rio Grande do Sul, mesmo havendo redução, o desmatamento pode ser considerado estável, segundo o boletim. Rio Grande do Norte, São Paulo, Sergipe e Alagoas foram os únicos que registraram aumento. Somadas, as áreas desmatadas são cerca de 12% do total.
Metodologia SAD Mata Atlântica
O SAD Mata Atlântica utiliza uma classificação automática de indícios de desmatamento baseado na comparação entre imagens de satélite Sentinel 2 (dez metros de resolução). Os focos de potencial desmatamento são enviados para o MapBiomas Alerta e então validados, refinados e auditados individualmente em imagens de alta resolução. Cada desmatamento confirmado é cruzado com informações públicas, incluindo as propriedades do Cadastro Ambiental Rural (CAR), embargos e autorizações de desmatamento do SINAFLOR/IBAMA, para disponibilização em uma plataforma única, aberta e transparente que monitora todo território brasileiro.
As informações têm sido disponibilizadas na plataforma MapBiomas Alerta (http://plataforma.alerta.mapbiomas.org) e os resultados são reunidos em boletins periódicos publicados pela Fundação SOS Mata Atlântica em www.sosma.org.br/iniciativas/alertas. Os encraves da Mata Atlântica nos outros biomas são monitorados pelo MapBiomas Alerta utilizando fontes adicionais.
Fonte: ASCOM | IMA