NÃO SER NINGUÉM PARA NINGUÉM

NÃO SER NINGUÉM PARA NINGUÉM

Por Jaime Folle

                Estranho o título, porém, requer um pouco mais de percepção para entender o que é ser alguém para alguém ou não ser ninguém para ninguém. Se olharmos um pouco para trás, observaremos como as comunidades eram mais organizadas, como se defendia muito a palavra contemplar (culto ao templo), ou seja, ir à igreja com a família inteira. A contemplação era um programa obrigatório aos domingos, e durante a semana, o almoço e o jantar eram um verdadeiro culto ao combustível humano, todos em torno da mesa, um bem sagrado que se agradecia no início e no fim das refeições, externando um louvor meritório à Deus e há quem as preparou com muito amor.

                Nas rodas familiares, trocavam-se experiências, ouviam-se histórias e lendas contadas por alguém mais velho para alguém mais novo, também se brigava e, por fim, sempre tinha alguém para apaziguar e tudo terminava muito bem, no profundo sono da noite. A contemplação no amanhecer, quando ninguém se adiantaria para o café, todos deveriam fazer a principal refeição do dia juntos.

                Daí veio a internet, com ela, a velocidade dos tempos, o individualismo passou a ser uma marca definitiva e vai se assegurando cada vez mais nos tempos futuros. Vejamos que as rodas de família perderam o seu espaço, parece que ninguém mais é de ninguém, filhos isolados, casais equidistantes, idosos encolhidos nos seus cantos, quanto muito um vai ouvir um “oi” de um filho ou neto e nada mais. No trabalho a tecnologia isolou o calor humano e o convívio dos funcionários, mães se separam de seus filhos, entregando-os nas creches e somente são deles nos finais de semana.

                Parece que os perderam a autoridade sobre os filhos, professores não comandam mais seus alunos, autoridades comunitárias perderam seu espaço, e as bases tribais de comando morreram.  Nas empresas, por um lado existe competição de cães vorazes, onde uns querem engolir os outros, e por outro funcionários sem comprometimento e sem visão de futuro.

                Posso estar passando uma imagem negativa, ou estou redondamente enganado com este comentário, mas é o sentimento de alguém que convive em diversos lugares e em regiões e povos diferentes através das minhas palestras e treinamentos, e o que percebo é que os conceitos estão mudando muito rápido, e que o ser humano está sendo subjugado inferior aos próprios animais domésticos que parede ter mais valor que um idoso dentro de casa. Ou engolido por uma forma de comportamento em que não estamos mais nos valorizando, a não ser por interesses afins.

                Pois é!  Eu pretendo continuar sendo alguém para alguém!

Até a próxima!

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