FICAR VELHO
Por Jaime Folle
O ser humano se prepara para muitas coisas na vida, menos para ficar velho. Quando percebe o tempo passou muito rápido, e quando mal percebemos já estamos com um nariz enorme e caminhando com passos curtos, sem falar da voz que vai ficando rouca e baixa.
A vida não é justa com os velhos, pois quem comenta que estar com setenta ou oitenta anos é sinônimo de melhor idade e felicidade está mentindo para ele mesmo, pois esta história de viver a melhor idade é uma utopia para esconder a realidade da vida como ela é. É a chamada geração dos passos curtos e o nariz longo, onde os cabelos somem, sem falar no branqueamento dos fios, que teimam em permanecer. Melhor idade é a da juventude, aí inventaram estas lorotas que a melhor idade é depois dos sessenta anos. Quem criou esta enganação com certeza não foi um velho.
Na juventude, a carteira não tinha dinheiro, mas estava sempre cheia de endereços de mulheres e contatos de amigos para festas e baladas. Na carteira de velho o que mais tem são cartões de crédito e endereços de clínicas e farmácias. Na dispensa de velhos tem mais caixas de remédios do que de alimentos. Na sala tem bengalas, respirador, manta e mais altar de santos e mais caixas de remédios. Por falar em remédios, a cada consulta o velho preenche mais um horário, e as receitas não são mais de uso limitado e sim de uso contínuo. E chamam isso de melhor idade! Que saudade dos vinte anos!
Na real, as pessoas se aproximam dos velhos por educação e respeito, e pior que envelhecer é aprender a lidar com o desprezo de amigos e até dos filhos. Por isso, se você está pensando na velhice organize seus passos agora se não quiser sofrer quando começar a encurtá-los. Se um dia eu descobrir quem foi o infeliz que inventou essa história de melhor idade, eu dou um soco no meio da cara dele.
Pois bem. Salvem os velhos, deixem viverem do seu jeito, com seus passos curtos, porque um dia você também vai chegar lá. E se não quiser envelhecer, é só morrer antes.
Até a próxima!
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