EU QUERIA SER CACHORRO

EU QUERIA SER CACHORRO

Por Jaime Folle

Em uma sociedade onde se valoriza mais o cão do que o ser humano, onde os conceitos morais e familiares se deterioram a cada dia. Os cachorrinhos estão ganhando muito mais espaço nas famílias. Em alguns lugares, tendo mais respeito, mais valor e melhor tratamento do que os próprios filhos

Isso é assustador! Estamos caminhando para um conceito de ética, onde os casais estão abdicando da graça de gerar um filho, preferindo em troca um cão ou um gato de estimação como companhia.

A desculpa é sempre a mesma: a profissão não nos permite conciliar família, trabalho e filhos. Tudo isso acaba deixando os casais vulneráveis a um êxtase de enfrentamento com a profissão e a maternidade; e isso não deixa de ser verdade, mas o que impressiona é a velocidade como este conceito está aumentando na sociedade humana deste século, onde a maternidade para os cães está tomando muito mais espaço nos lares do que os próprios filhos.

Esta nova forma de pensar pode até trazer um certo conforto, pois os cães não choram e nem reclamam e estão sempre dispostos. Já os filhos choram, gritam e reclamam. Porém, não podemos esquecer que os cães sempre serão cães enquanto os filhos nunca vão deixar de ser filhos. Agora substituir o desejo de ser mãe ou pai por um animal de estimação parece ser pesado demais!

Esta é a nova geração de mulheres e homens que estão abdicando da maternidade para ter uma vida “mais tranquila”, talvez pela falta de segurança para este, ou pela exigência da profissão e do mercado, sendo que com isso estarão abafando o maior dom de um casal, que é o dom da maternidade.

Colo de mãe jamais será colo para cachorro. Colo de mãe é para filhos, e filhos têm alma e sentimentos que exigem respeito e atenção, além de carinho, amor e cuidados especiais dos pais, acima de qualquer situação que possa ter mudado com o tempo em valorizar mais os animais do que os seres humanos. É o início do fim de uma sociedade contaminada.

Estou morando em Balneário Camboriú (SC), e é impressionante a quantidade de casais passeando pelas avenidas com seus carrinhos de bebês e dentro do carrinho, ao invés de um bebê, tem um cachorrinho, vestido como se fosse criança. Tenho ouvido, a cada dia, aumentar os comentários entre os casais jovens de que a desistência de ter filhos já está no seu planejamento familiar e que existem outras formas de suprir a vontade de ser mãe ou pai, adotando um animal de estimação. Tanto é verdade que já estou com ciúme dos cachorros, pois eles são tratados com muito mais atenção, zelo e carinho, pois até plano de saúde para os bichos existem! Eu queria ser cachorro.

Não tem nada de errado em ter um animal de estimação e cuidá-lo com amor e carinho, porém, a reflexão que gostaria de deixar é sobre tratá-lo como se fosse um filho!

Será que não estamos distorcendo os valores?

Até a próxima!

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