Você sabe o que é sensação térmica? Entenda por que a temperatura percebida pelo corpo pode ser muito diferente da registrada pelos termômetros
Em dias muito frios ou muito quentes, nosso corpo pode sentir que a temperatura é menor ou maior do que os termômetros registram. Esse fenômeno é chamado de sensação térmica e é explicado pela relação da temperatura com a velocidade do vento, em dias frios, e da temperatura com a umidade do ar, em dias quentes.
O NOAA (sigla em inglês para “Administração Oceânica e Atmosférica Nacional”) utiliza duas formas de calcular a sensação térmica para dias de calor e dias de frio:
1. Sensação térmica no frio
O índice de resfriamento (ou “wind chill”, em inglês) mede a temperatura sentida na combinação entre a temperatura aparente do ar e a velocidade do vento. Quanto maior a velocidade do vento, menor a sensação térmica: o vento faz com que o corpo ceda calor para o ambiente mais rápido, aumentando a sensação de frio.
Os dias de vento — principalmente de Vento Sul — na cidade de Florianópolis podem fazer com que a sensação térmica na ilha, rodeada pelo mar, seja menor que a sensação térmica em cidades de maior altitude e de temperaturas baixas no inverno, como São Paulo.
Por mais que as capitais estejam com a mesma temperatura no momento, o fato de Florianópolis ser uma ilha deixa a cidade mais suscetível aos ventos que se deslocam pelo oceano, além de receber com mais intensidade as massas polares vindas da Patagônia.
2. Sensação térmica no calor
O índice de calor (ou “heat index”, em inglês) mede a temperatura sentida com a combinação entre a temperatura aparente do ar e a umidade relativa. Segundo o Núcleo de Climatologia Aplicada ao Meio Ambiente da Universidade de São Paulo, quanto maior a umidade, maior a sensação térmica, já que um ar muito úmido dificulta que o corpo sue e consiga autorregular sua temperatura — o que faz o calor parecer pior.
Estresse térmico
Quais os níveis máximos de frio e calor que o corpo humano consegue suportar sem sofrer com o chamado “estresse térmico”? O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) utiliza um índice desenvolvido pela Comissão de Climatologia da Organização Meteorológica Mundial para calcular a sensação térmica suportável pelo corpo:
Temperatura em graus Celsius (°C) – Classificação de estresse
- Superior a 46°C: estresse por calor extremo
- 38°C a 46°C: estresse por calor muito elevado
- 32°C a 38°C: estresse por calor elevado
- 26°C a 32°C: estresse por calor moderado
- 9°C a 26°C: sem estresse térmico
- 0°C a 9°C: estresse por frio ligeiro
- 0°C a -13°C: estresse por frio moderado
- -13°C a -27°C: estresse por frio elevado
- -27°C a -40°C: estresse por frio muito elevado
- Inferior a -40°C: estresse por frio extremo
Que outros fatores influenciam na sensação térmica?
Homeotermia
Quando estamos saudáveis, a temperatura interna média do corpo é de 36°C — o corpo sempre se regula por meio de mecanismos como a sudorese, ao sentir calor, ou tremores, ao sentir frio. Essa característica é chamada de homeotermia, e permite que a temperatura do corpo fique estável mesmo com as variações de temperatura.
Idosos e crianças podem sentir mais frio por terem maior dificuldade em manter o calor corporal. Já pessoas com maiores índices de gordura corporal tendem a sentir mais calor porque a gordura atua como um isolante térmico, o que aumenta a produção de suor para regular a temperatura do corpo — enquanto pessoas abaixo do peso podem sentir mais frio.
Alterações hormonais
A queda de estrogênio ocasionada pela menopausa pode fazer com que mulheres sintam ondas de calor (chamadas de “fogachos”). Alterações hormonais causadas pela gravidez e aceleração do metabolismo também fazem com que mulheres grávidas sintam menos frio.
Adaptação fisiológica ao clima
Viver em locais com temperaturas mais quentes ou mais frias tende a fazer com que o corpo se adapte ao clima, o tornando mais tolerante às temperaturas consideradas “desconfortáveis”.
Tipo de roupa utilizada
Alguns tecidos têm maior capacidade de isolamento térmico, como lã, veludo e flanela.
Fonte: ND+